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sábado, 25 de fevereiro de 2012

CONVERSANDO COM DEUS

A vida nos faz compreender o seu real significado a partir do momento em que nos tornamos sensíveis. Ter um olhar em que ultrapasse o óbvio, o carimbado, a casca, o superficial.
A vida te fornece todos os subsídios para ter momentos felizes. Deus neste trilhar coloca alguns obstáculos, momentos difíceis, para que o ser humano possa transcender e perceber que a vida é muito mais do que conseguimos enxergar.

Diante do mar revolto que me encontro resolvi conversar com Deus.   Pai para que tudo isso? Às vezes me perco diante dos meus defeitos e insegurança, o medo de ser um fardo para os outros recai sobre as minhas costas.
Entendo quando me diz que preciso ter coragem suficiente para enfrentar as decepções, as derrotas, pois estas são ferramentas para que eu encontre a estrada. O caminho é tortuoso, mais esse fardo pode carregar. Não temo, eu sei que sempre estarás aqui.
Devo agir com o coração, ser paciente e misericordiosa, não deixar que a maldade do mundo tome conta do meu intimo, não me envergonhar em falar no seu Nome, pois és a Verdade e a Vida.
Obrigada por me mostrar que devo levar na memória para o resto da vida as coisas boas que surgiram no meio das dificuldades, não pensando no sofrimento que foi necessário, mas na  benção que permitiu a cura. Elas serão uma prova de sua capacidade em vencer as provas e lhe dará confiança na minha presença.
Amo ao senhor, não somente porque ouviu a minha súplica no momento de angústia e sim porque és um Deus piedoso e justo, é o nosso Deus da misericórdia, és o meu refugio e a minha fortaleza e em ti confio.
Se não fora o Senhor que estivesse ao meu lado e muitas vezes me carregando no colo, a doença teria me sucumbido. Graças a ti oh Pai a minha alma foi fortalecida, não temo. Mal algum me sucederá, pois tu és, o meu pai e confio nos planos que tens para mim.
Percebo nesse momento que sempre estivera ao meu lado,mesmo quando te esquecia ,sei que nos momentos em que me sentia perdida, como se estivesse no meio de um furacão e tendo tudo para entrar na ruína, o Senhor me mostrava o caminho. Inclino o meu coração e a minha alma e aceito as tuas palavras,pois preciso de Ti em minha vida. Agora compreendo que o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho que quer bem.
Senhor às vezes a fraqueza toma conta do meu ser, tenho a certeza de que não tenho o direito de reclamar, afinal estou viva. Olho para os lados e tenho a sensação de que a minha vida está parada no tempo, as pessoas andam, correm e eu continuo no mesmo lugar. Cada dia de internação neste hospital é uma incerteza, a aflição, o medo, a culpa tomam conta do meu ser. Meu pai me dê sabedoria para que eu possa enfrentar esse mar revolto, retira essa culpa que sinto de ser um fardo na vida das pessoas que amo.... Olho para a minha família e sei o quão difícil está sendo. No silêncio da noite, frutos da dor e da insônia, sonho acordada em retirar todo o peso e sofrimento que é estar ao lado de um enfermo. Mas Senhor, perdoe-me pelo meu egoísmo, pois não sei como faria sem a minha família ao meu lado, eu me culpo por ocasionar tanto sofrimento e já pensei muitas vezes em ir embora.

O momento decisivo chegou todos os olhos voltados para mim, orações, pensamentos positivos e a certeza de que a sua vontade deve ser feita. No corredor vejo minha vida passando como filme, fleches de momentos felizes passam projetados nas paredes. Vejo a minha família com fé e medo, e nesse momento é como se o tempo parasse e num profundo sentimento inexplicável só pensei no amor que sinto por eles. A porta se fechando e meu coração apertado, pois apesar de não temer, sabia que poderia ser a última vez que os veria. Logo esse sentir foi substituído por uma paz celestial, meu coração estava calmo e certo de que TU estavas comigo. Orei pedindo que segurasse a minha mão e que fosse feita a sua vontade, o efeito da anestesia foi ficando cada vez mais forte e adormeci conversando contigo. Acordei confusa, as dores ultrapassavam qualquer tentativa de raciocínio lógico, a única coisa que vinha a cabeça era o fato de estar viva. Sem poder me mexer, com mais de 150 pontos no corpo, sozinha na UTI, dopada pela morfina. Os delírios se fizeram constante, só agradecia e agradecia. Choros eram rotineiros, técnicos da saúde que me acalmaram e cuidaram de mim. Passados uma semana fui transferida para o quarto, já estava bem melhor, mas ainda com cuidados redobrados, pois o tumor deixou uma necrose, uma ferida profunda. No decorrer dos dias ia melhorando, mas minhas necessidades fisiológicas foram afetadas, não conseguia fazer nada sozinha. Na primeira visita de rotina da equipe médica, encontrei com o médico que fizera minha cirurgia, estava rodeado de vários médicos para observar a minha evolução. Quando me deparei com ele,percebi que Deus enviou um anjo,cai no choro, foi mais forte que toda vergonha de expor um sentimento. Todos ficaram preocupados sem saber o que estava acontecendo, foi quando eu disse: Só quero agradecer por tudo que fez por mim, o meu choro não é de tristeza e sim de alegria e gratidão. Ele olhou para mim e acalantou meu braço sem dizer uma palavra, mas eu entendi exatamente o que queria dizer. Foi um dos momentos mais bonitos da minha vida, pois Deus se fez presente e o utilizou como instrumento para minha graça. Deus obrigada por ter me presenteado anjos, e olha que não foi um somente, perdi as contas de quantos Tu me enviaras.
Obrigada Senhor, mostrou-me num momento de angustia, no mais profundo desespero a serenidade e tranqüilidade, o vazio que antes tomara conta de mim, fora substituído pela fé inabalável, pela certeza de que no final estará tudo bem. Fecho os meus olhos e percebo que a vida vai além do que enxergamos, quero viver a vida, pois tenho uma segunda chance. Entreguei a minha vida a Ti Senhor e nesse momento tive a certeza que onde eu estivesse Tu estarias comigo.

Agradeço por ter sido escolhida para ser uma guerreira de Deus e por me mostrar os escolhidos para estar ao meu lado. Peço senhor que entre no coração de todos que  passam por problemas, seja de qualquer natureza, permita que sintam essa paz e esse amor incondicional. Que a vergonha que muitos têm em falar em seu Nome caia por terra e que estas abram o coração para a verdade e a vida. OBRIGADA POR TER ME ESCOLHIDO.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias e Jonh Scotson

Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa
Análise 
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias e Jonh Scotson é um livro que dispõe de um conteúdo amplo a respeito das relações de poder  entre os indivíduos de uma cidade do interior da Inglaterra, em que se atribui um nome fictício de Winston Parva..

Winston Parva fazia parte de uma área de construções suburbanas, aos arredores de Londres, Inglaterra. Dividia-se em zonas 1, 2 e 3.

Na zona 1 prevalecia a Elite, a zona 2 centrava a maioria das fábricas, bem como toda uma rede estrutural: hospitais, escolas, creches, igrejas, etc. Possuía uma comunidade operaria.

A zona 3, apesar de também possuir uma comunidade operaria, esta era formada por toda sorte de imigrantes e refugiados de guerra.

A zona 1 e a “aldeia”, como era conhecida a zona 2, tinham 80 anos de fundação, enquanto a zona 3, apenas 20.

As duas primeiras zonas tinham um laço de parentesco muito intenso, o que possibilitou o estabelecimento de uma vida social, sendo estes ditadores e mantenedores das regras e costumes da comunidade e  suas tradições, chamados de Estabelecidos, estes se julgam superiores aos outros que não fazem parte do seu meio.

Aos que se recusassem a aceitar e a se submeter aos hábitos comunitários e a essas regras, eram tidos como imorais, exclusos, outsiders. Os outsiders eram inferiorizados, estigmatizados.

Essa estigmatização não pode ser vista como uma ação de valores individuiais, pois a criação desses padrões tem uma ligação com a do próprio quadro social, ou seja, a formação da comunidade, sua forma de controle social e de sustentação do poder através das tradições, normas, regras e costumes.

Para compreender essas relações de poder entre estabelecidos e outsiders, é necessário recorrer ao histórico dessa cidade para assim refletir acerca de suas regras, costumes e normas.

Vale ressaltar que a posição do atual grupo estabelecido passou pelo mesmo processo de rejeição, uma vez que estes ao chegarem em Winston Parva  tentaram estabelecer contato e não conseguiram, neste momento ficou perceptível para estes que os moradores da aldeia naquele momento se julgavam superiores, vendo nos recém-chegados uma ameaça. O grupo estabelecido foram outsiders, porém transfomaram-se em estabelecidos reproduzindo a tradição daquela comunidade.

Moradores das primeiras zonas freqüentavam os mesmos locais: associações, grupos comunitários e religiosos, clubes, entre outros e, ao mesmo tempo, criavam uma barreira de não aceitação de integração para com os moradores da zona 3.

A aldeia possuía uma sociedade matriarcal, na qual maridos, filhos, genros, se submetiam aos mandos e desmandos da “mamãe”, sogra, avó. Como faziam quase todas as atividades juntos, esses habitantes criaram um laço de interdependência mutua. Tinham orgulho de morar naquele local porque todos seguiam os mesmos padrões e isso lhes trazia o sentimento de serem melhores que as outras famílias da zona 3, sendo freqüente a rejeição e desmoralização para com estes, que se estendiam por meio de um “circuito de fofocas”, tendo como efeito a discriminação e repulsa, o que caracterizava a visão e primeiros ensinamentos das crianças do local, que cresciam sob esta redoma.

O indivíduo está inserido numa dada sociedade e será o reflexo dessa sociedade, internalizando padrões, valores, adquirindo uma identidade social que se forma acerca das relações sociais, dos contatos que estabelecem desde o nascimento.

A classificação como “superiores” colocados pelos estabelecidos é transferida de pais para filhos, afetando o desenvolvimento da personalidade destes, sobretudo sua auto-imagem e seu respeito próprio. Estes indivíduos desenvolveram-se como sendo superiores por natureza. O status era comunicado aos filhos de diversas maneiras, através da palavra, gestos e tom de voz, contribuindo para moldar a consciência que eles tinham de se mesmo desde cedo.

A família desempenha um papel central em todos os setores da vida comunitária de Winston Parva criando barreiras sólidas entre estabelecidos-outsiders.

Os estabelecidos muitas vezes conseguem impor aos recém-chegados  a crença de que estes são inferiores, não apenas em termo de poder, mas por natureza. É essa internalização depreciativa que reforça vigorosamente a superioridade e a dominação do grupo estabelecido numa relação de interdependência.

Os moradores da zona 3 muitas vezes se revoltavam, mas aceitavam a situação de subjulgados, ao passo que suas famílias eram reservadas, não interagiam umas com as outras, o que barrava a atuação da fofoca. Por conta dessa individualização havia grande incidência de problemas, conflitos e brigas. Seus habitantes tinham desgosto de morar naquele local, dessa forma, prevalecia a desestrutura e desorganização, o que os enfraquecia enquanto pertencentes da mesma Winton Parva.

A condição que é atribuída aos outsiders se caracteriza primordialmente pelo desrespeito, estigmatizando-os socialmente através da coisificação.

É interessante enfatizar que as relações estabelecido-outsiders não se configura através das diferenças de raça, etnia, mas o simples fato de serem moradores de três gerações, enquanto que os moradores da zona 3 são recém-chegados. O grupo estabelecido vivencia as diferenças  como um fator de irritação, em parte porque o cumprimento das normas está ligado ao amor próprio, às crenças carismáticas de seu grupo,ou seja, a não observância dessas normas por terceiros enfraquece sua própria defesa, ameaçando seu status, seu poder.

A questão que o autor referencia é a de saber, como e porque os indivíduos percebem uns aos outros como sendo pertecentes a um mesmo grupo incluindo-se dentro de fronteiras grupais que estabelecem o dizer “nós”, ao mesmo tempo exclui os outros como “eles”.

Atualmente os indivíduos criados com uma rigidez particular de visão de conduta, como era o caso de Winston Parva, tem uma identidade social atribuída a tais relações, limitando-se a reproduzir  valores que estes entendem como certos.

A pesquisa feita no interior da Inglaterra se deu no séc. XIX, ou seja, a mobilidade social naquela época era muito pequena, assim os indivíduos nasciam, desenvolviam-se e morriam naquela comunidade. Em contraposição no séc. XX temos uma sociedade mutável, com uma mobilidade social enorme devido a globalização, a tecnologia.

A pesquisa feita pelos autores traz uma reflexão profunda acerca das tradições e de como estas influenciam e ditam o comportamento dos indivíduos. As pessoas de Winston Parva nasciam inseridos num contexto social  em que tinham papeis a desempenhar, para assim manter e reproduzir as tradições. As supostas diferenças que eram colocadas pelos outros grupos, caracterizavam-se como ameaça as relações de poder, ao controle social e a hierarquia. Podemos referenciar que o comportamento dos estabelecidos de Winston Parva se efetiva pela  naturalização dos valores  tidos como certos.

Analisar este livro nos fez perceber o quanto nos caracterizamos como estabelecidos e outsiders, uma vez que somos formados por subjetividades adquiridas ao longo de nossa vida, no qual internalizamos valores . Ora nos encontramos num posicionamento superior e outro como excluídos, seja qual for a situação: numa exclusão grupal de faculdade, na escolha de determinada colega em fazer uma prova escrita ou então no julgamento antecipado de uma pessoa que você não conhece. A todo momento  iremos nos deparar com diferenças, com escolhas que não atendam aos nossos desejos e temos nesse exato momento respeitar a opção do outro.

Pensarmos numa sociedade completamente igual, na maneira de agir, de pensar, de falar, de vestir, sempre igual nada de novo, como seria?  Será possível pensar nessa possibilidade?

Vale ressaltar que quando os indivíduos questionam-se sobre determinados assuntos, sobre sua postura, analisando o lado do outro, assumi-se uma postura mais ponderada, pois nos colocamos no lugar do outro.

Um fenômeno que referencia o que os autores abordam no livro trazendo para o séc. XXI, são as tribos que não se adequam ao sistema capitalista,  aos padrões que escravizam, que robotizam os indivíduos deixando-os cegos pelo ter e não pelo ser.

Um exemplo bem claro desse fenômeno de exclusão se evidencia nas tribos dos góticos e dos andrógenos, o interessante é que não tem nada de diferente a não ser as roupas escuras, a maquiagem pesada, o agir despojado, e daí? A ética é absolutamente invejável, a centralidade e a mente aberta são admiráveis. Estigmatizar, inferiorizar, quem somos nós, se não indivíduos  contraditórios que não nos conhecemos e  que temos uma identidade moldada pela sociedade .  Então questionei-me,o que faz pensar os ditos “normais” a se sentirem melhores? Não cabe depois de uma leitura tão rica julgar o comportamento dos que se julgam melhores e sim compreender que estes são inseridos e cresceram numa sociedade no qual internalizaram valores como certos, como naturais  tendo assim uma visão limitada e pobre sobre o respeito.

É lamentável constatar que em pleno séc.XXI  reproduzimos valores discriminatórios e excludentes. O que se subentende é que somente seguindo os padrões de um grupo ou comunidade, é possível estabelecer uma convivência harmônica, ainda que alienada. Nesse tocante, prevalecerá sempre as formas de manipulação e controle social da classe dominante, sendo essa a maneira de se relacionar em sociedade.  

 A sociedade deve conviver com a diferença, respeitando a opção e a orientação de cada um.

BULLYNG

A sociedade em que vivemos ditam valores controvertidos de uma tal maneira, que até as pessoas que tem um “certo tipo de conhecimento” esbanjam  uma alienada maneira de falar. Dentro do seu mundo intelectual acreditam piamente que as pessoas que sofrem determinados tipo de preconceito não são “legais”. Mas exatamente o que é ser legal? Estar inserido em grupos populares, do tipo! Sou o melhor no que faço, as pessoas me adoram, todos querem estar perto de mim, sou maravilhoso porque sou antenado, gosto do moderno, sou culto, inteligente e engraçado. Hum, que ironia! É a singularidade de cada ser que torna o mundo tão instigante, o fato de sofrer qualquer tipo de humilhação psicológica por que não está dentro dos padrões, é a  prova da burrice e da mediocridade do ser alienado. Os “cultos” precisam rever seus conceitos, pois futuramente são seus filhos que estarão inseridos na estimativa vergonhosa do bullyng.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desenho

Meus olhos estão diferentes,minha mente nua está imaginando a nova roupagem, algumas coisas não fazem sentido,mas o meu olhar busca um novo ângulo para o desenho que está sendo formado em minha vida. Não busco o PORQUE,mas o PARA QUE de tudo isso. O sentido dos fatos que ocorrem no nosso cotidiano cabe a nós e somente a nós desvendar. O desenho que está sendo feito para mim é como uma linda flor que brota no meio do deserto.  

sexta-feira, 25 de março de 2011

Curta ( Visita Intima)

Visita Íntima


O documentário de Joana Nin retrata a luta íntima, sofrida e diária das mulheres brasileiras que tem um amor encarcerado, mulheres que insistem num relacionamento cheio de privações e humilhações e que são alvos de discriminação da sociedade.

Ao longo da história a desvalorização da mulher enquanto, identidade do feminino esteve enraizada na diferença sexual, na diferença biológica. A existência de gêneros é a manifestação de uma desigual distribuição de responsabilidades que são alheias as vontades das pessoas. Estabelece-se a separação do espaço público e o privado, em que a mulher situava-se no espaço privado, a intenção é defender uma cultura falocentrica.

As mulheres vão se tornar cativas do seu próprio corpo na medida em que passam a obedecer a uma feminilidade ditada pela natureza, assim o que somos vai se construindo através da relação com os outros e com o mundo.

            Nessa relação entre gêneros ocorre uma definição de função e de papel, em que a mulher será a mãe, esposa, mulher e guardiã da casa e dos filhos, esses papéis estão evidentes no documentário, não só no que remete aos papeis da mulher (submissão ao homem), mas na estrutura normativa do Direito, ou seja, o sistema penitenciário previsto apenas para os homens (pois a visita íntima para as mulheres encarceradas ainda é restrito para alguns presídios) este é o resultado de um longo processo histórico de discriminação.

As falas das entrevistadas refletem primeiramente sua inserção nas classes subalternas, refletindo nesse momento o modelo excludente e desigual da sociedade capitalista, comprovando-se que a população carcerária em sua maioria é composta pelas camadas que estão à margem da sociedade, os que recebem os mínimos sociais através de políticas públicas moldadas pelo neoliberalismo e gerenciadas pelo Estado, assim reproduzindo a pobreza.

 Outro ponto que vale ressaltar é a busca da felicidade, uma vez que esta se encontraria neste homem encarcerado “o homem que está preso, que sofre, são os melhores na cama e os que dão mais valor a mulher”. Sonham com o dia em que serão felizes quando o seu companheiro sair da cadeia bem como o dia em que serão livres, pois estas se encontram aprisionadas. Essas mulheres insistem num relacionamento cheio de limitações, pois afirmam ser valorizada e bem amada e quando estão em seu momento íntimo com seu companheiro afirmam exercer o seu “papel de mulher”. O comportamento destes homens presos diferencia-se da grande maioria que estão “livres” são aqueles que mandam cartas quilométricas, que são românticos, sensíveis e querem um relacionamento para toda a vida. Será que essa postura não é fruto da prisão sofrida?

É interessante observar a opção dessas mulheres por um amor encarcerado, visto que esses amores trazem uma gama de obstáculos, limitando sua vida social e econômica, porém a segurança que esses presos passam se dão através das limitações no convívio social, permitindo com isso a sustentabilidade desse relacionamento renovado a cada encontro e incentivador da luta árdua e diária dessas mulheres,já que teoricamente essas mulheres são as "únicas".


Será realmente que esse amor inventado, perfeito é real? Ao escolher, essas mulheres optaram por uma realidade que impõe limites e possibilidades, é um momento psicológico seu, pessoal. As influências externas, tudo que você já valoriza tudo o que você deseja e tudo que você deseja, mas não sabe que deseja, resultam numa grande síntese, resulta em uma escolha. Esse amor inventado obviamente, são flores de plástico numa retórica postiça.

Luciana Cerqueira





terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

QUERO QUERER.

Quero querer...
Quero uma vida errada e cheia de obstáculos,
Quero poder me orgulhar das vitórias vividas,
Quero poder saborear os dissabores de uma vida iludida,
Quero vencer o inalcançável, o carimbado a data prevista,
Quero ser uma pessoa errante, com defeitos e qualidades,
Quero sentir as dores!!
As incompreensões da sociedade inventada...
Quero refletir sobre o meu eu e me redescobri,
Quero ficar assustada com meus pensamentos e rir dos devaneios da mente humana,
Quero observar o vazio, o branco, o transparente e ver além da visão,
Quero ser amada e criticada...               
Quero escrever a minha história em um livro cravados de altas ondas e numa inconstante forma de ser.
Quero poder querer...
Quero muito mais que a minha imaginação alcança.
Quero ter tempo para extravasar a face escondida.
Quero  beber até cair. Quero o amor inventado, o sexo desejado.
Quero  tudo isso ,mas para poder querer tenho que viver.
Simplesmente! Quero querer.


OLHOS

De repente deparei-me com o inesperado, aqueles olhos desconfiados, envergonhado, não sei dizer bem o que queria expressar, mas o medo de sei lá o que, me cegou!!!!!a cada passo que dava de distanciamento o meu coração apertava,é como se me sentisse culpada por tamanha miserabilidade,não falo das roupas maltrapilhas,dos pés sujos,falo do olhar !!!Seus olhos ficaram cravados na minha mente, pedi a Deus para que voltasse e me desse mais uma chance para falar, para confortar, para ajudar..... Caminhava olhando para atrás no desejo de que permanecesse ali até a minha volta, infelizmente foi embora e eu robotizada não tive reação, não me reconheci nesse momento, questionei-me, não compreendi!!!!!!! O fato é que busquei desvendar o que tinha me acometido naquele minuto ,percebi que a minha situação é confortável e nada fiz,ficou o peso de muitos, da falta de atitude. A revolta e o remorso não me deixaram dormir, lágrimas caíram, porém nada mais poderia fazer, a não ser refletir e ter olhos menos carregados de malícia. O que sei é que nunca mais esquecerei aqueles OLHOS.